Reflexões – Marcos Castro | PODER X AUTORIDADE!

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Poder x Autoridade
Poder x Autoridade (Foto: Reprodução)
Co-Working em Ouro Fino

Este tema me remete há cerca de 17 anos, por ocasião do meu mestrado.

À época, meu trabalho tratava da questão do aumento da produtividade nas empresas! O objetivo científico na área – engenharia e administração – do trabalho foi comparar ações tecnológicas implantadas somente na produção (máquinas, equipamentos, cálculos de balanceamento e gargalos em linhas de produção, fluxogramas de processo e etc.) versus atitudes de gestão no âmbito de liderança que propiciavam aumento na QVT – Qualidade de Vida no Trabalho – e valorização das pessoas –; e verificar qual delas apresentava o maior aumento na produtividade da empresa.

Durante oito meses, em dedicação plena, dentro de uma empresa, todo o trabalho – parte prática – foi desenvolvido. O resultado, que era esperado, fora comprovado!

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Todas as melhorias focadas na produção somente, trouxeram um aumento de produtividade de 8%; enquanto as atitudes de gestão em prol da QVT e da valorização do ser humano emplacaram em um aumento de 40% (cinco vezes mais!).

Qual o “insight”?

O que isso tem a ver com o tema deste artigo?

Tudo!

Entender a diferença entre poder e autoridade implica em compreender também a diferença entre emprego e trabalho, entre chefia e liderança, entre o stress e o bom clima organizacional, entre o fracasso e o sucesso.

Como faço em todos os meus artigos e escritos, para os vários veículos e meios de comunicação para os quais escrevo, gosto de contextualizar o tema com a questão contemporânea.

Neste caso, vejamos: acabamos de encarar eleições municipais; o que implicará em novas e novos gestores públicos; e o reaquecimento da economia, por sua vez, trará a necessidade de contratação de novas e novos gestores na área privada.

Os conceitos de poder e autoridade têm, e continuamente tiveram, extrema influência nos negócios privados e na área pública.

Imaginem agora em uma, cada vez mais, nova realidade pós, ou quase pós, pandêmica! Se sempre fora essencial a VALORIZAÇÃO DAS PESSOAS, o saber tratar, o bom justificar, o ter corresponsáveis que façam junto, o ter comprometimento voluntário e por aí vai…; imaginem agora com as pessoas mais fragilizadas!

Poder e autoridade são conceitos que confundem e, por vezes, até são erroneamente esclarecidos!

Mas, é simples: poder se relaciona ao cargo legitimado; ou seja, envolve, direta ou indiretamente, se isolado, alguma coerção. Sobre quem ele é exercido faz agir mesmo que não concorde ou não o faça feliz. Poder é mandar!

Já, a autoridade envolve admiração, paz, respeito voluntário, ações justificadas; e sobre quem ela é exercida traz consigo o natural envolvimento, paixão pelo fazer, sentimento de ser parte (corresponsabilidade), felicidade em ali estar junto, segurança no caminho. Autoridade remete a fazer com prazer, com apoio e justificada compreensão, sentir a área “limpa para passar”!

Nestes quase 35 anos como profissional de gestão e 38 anos na área do ensino, diuturnamente, sempre preguei que se conheça profundamente estes conceitos.

Nos últimos 22 anos ficou mais fácil devido a – em 1998 – primeira edição do livro “O monge e o executivo” de James Hunter (Sempre recomendo, enfaticamente, a leitura!).

Com certeza, milhares de pessoas que já conviveram e convivem comigo, como meus amados discentes e colaboradores, ou nas minhas palestras, se lembrarão disto tudo e deste livro especial, de cabeceira, se estiverem lendo este artigo.

Assim, notem, fica fácil de relacionar! Fica óbvio! Ao ler este artigo, você poderá, facilmente, inclusive, avaliar e analisar seu próprio ambiente profissional ou seu “status quo”.

Quem é “obrigado” a conviver com o poder, convive com chefia; tem um emprego (porque precisa dele naquele momento), é frequentemente submetido ao stress, o clima organizacional não faz sentir tranquilidade e o sentimento de iminente ou real fracasso se faz presente.

Por outro lado, quem convive com liderança, admira-a e à sua autoridade, que ocorre naturalmente, e é bem-vinda; sentir-se-á parte integrante de um trabalho (que também remunera); por mais que haja situações difíceis, sentirá a necessária tranquilidade, pois tem apoio e sente-se corresponsável, parte da coisa; e, certamente, o sentimento mais presente será de sucesso e valorização!

Quando Confúcio (filósofo chinês ~ 550 a C) cunhou a frase, “esteja em um trabalho de que gostes e não sentirás que trabalha nem um dia na tua vida”, certamente se referia a estar em um contexto de liderança e não de chefia! Óbvio, não?

É importante também, neste contexto, entender como fica a coisa para o cliente, para aquele que “colhe” o serviço e/ou produto que provém do ambiente de gestão. Esta questão não deixa dúvidas, seja na área pública ou privada!

Onde impera o poder há a insatisfação disseminada e o resultado é encaminhado, mais dia menos dia, ao cliente, ou seja, nele – no cliente – é refletido integralmente o ambiente de gestão. Isto, óbvio, vale para a área pública, onde o cliente é o povo; assim como para área privada, onde o cliente é o mercado!

Já, onde a liderança ocorre, mesmo nas dificuldades normais de gestão, tudo flui de modo diferente, pois espelha no cliente, no colhedor do serviço e/ou produto, o clima prevalecente no ambiente de gestão.

Em última análise a questão sempre será A VALORIZAÇÃO DAS PESSOAS!

Para finalizar, há uma historinha metafórica muito pertinente.

Um homem tinha uma galinha especial. Ela botava ovos de ouro. Um dia um, outro dia dois, outro três, outro um, e assim a coisa ia. O homem então pensou: “vou matar a galinha, abri-la e descobrir como ganhar mais ovos de ouro”. E assim o fez…. Infelizmente, o homem só descobriu que não poderia ter matado seu meio de produção em prol de um resultado utópico e imaginário!

Em última análise a questão sempre será A EXTREMA VALORIZAÇÃO DAS PESSOAS!

Por Marcos Castro
Engenheiro; Especialista em Qualidade e Produtividade;
Mestre em OTH; Educador;
Escritor; Filósofo; Professor Universitário;
Educador; Palestrante; Psicanalista.
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