Centenário de Mary Apocalypse resgata parte da história da escritora ourofinense

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Livros... (Imagem - Reprodução).
Co-Working em Ouro Fino

Nesta quinta-feira (30) completam 100 anos do nascimento da ourofinense Mary de Moraes Apocalypse. Ela foi escritora, tradutora, pesquisadora, poeta, jornalista e dramaturga de destaque nacional.

Nascida em Ouro Fino em 30 de junho de 1922, filha de Leonor de Moraes Apocalypse e Raul Apocalypse, teve como incentivo aos estudos e à escrita a própria família, visto que seu pai, autor de livros de direito, contista, poeta, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, foi o seu maior ícone.

Mary fez o primário e o curso secundário em Ouro Fino, mudando-se, após a conclusão dos mesmos, para a cidade de São Paulo, onde cursou Letras pela FFLCH. Graduou-se também em Pedagogia pela ASMEC – Associação Mineira de Educação e Cultura, em Ouro Fino.Na capital de São Paulo, ela profissionalizou-se em jornalismo e exerceu, durante alguns anos, cargos públicos.

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Recebeu prêmios e menções honrosas por seus desempenhos como jornalista, como Menção Honrosa no concurso A Mulher na Reportagem, patrocinado pelo Sindicado de Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo.

Mary iniciou seu trabalho de escritora entre 1940 e 1950, disponibilizando uma intensa produção literária nos primeiros anos. Eclética, suas publicações compõem-se de reportagens, traduções, seleções de contos populares e lendas, biografia, contos realistas, peças teatrais e também poemas não publicados.

Dentre suas obras, destaca-se a coletânea Estórias e Lendas do Estado de Minas Gerais Espírito Santo e Rio de Janeiro, na qual constam 86 lendas e contos populares selecionados e prefaciados por Mary Apocalypse para a Enciclopédia Antologia Ilustrada do Folclore Brasileiro de Afonso Schimdt, em 1962.

Ela também traduziu obras do Francês e do Inglês de escritores como Júlio Verne e Madame de La Faiette. Publicou uma biografia de Gonçalves Dias e vários livros de contos: Maria pé de Violão; A Bailarina Suicida; As árvores se Abraçam.

Todos muito elogiados pela crítica da época, nos quais Mary utiliza uma linguagem realista e seus personagens são retratos da vida cotidiana, muitas vezes trágicos, irônicos ou com certo humor.

Escrita perpassada de sensibilidade e desencanto, mostra-se “sintonizada” com certa consciência-de-mundo, que teria marcado a literatura feminina pós-45e período da Guerra Fria 56.

Como dramaturga produziu três peças de teatro, encenadas aqui em Ouro Fino, Joãozinho Coração de Rola, Não minta para mim, Rosas para Mamãe, e segundo depoimentos, alunos da Escola Normal, muitos trabalhos escolares para Dona Delmira, foram pesquisas sobre as poesias de Mary.

Entre 1980 e 1988, a escritora colaborou no Jornal Monte Sião de Piracicaba – SP e outros da cidade de Campinas -SP, além do jornal A Notícia de Ouro Fino.

Mary casou-se com Hélio Rosa e não tiveram filhos. No final de sua carreia morou em Ouro Fino até o dia de sua morte, em 09 de agosto de 1988, sempre escrevendo crônicas e contos relacionados à cultura e à arte.

Texto escrito por Dalila Lasmar – Poeta e escritora- ocupante da cadeira nº 30 da Afesmil cuja a patrona é Mary Apocalypse.

Mary Apocalypse
Foto de Mary Apocalypse no livro Maria Pe de Violão de 1948.


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