Olá! A partir de agora eu escreverei a minha coluna quinzenal de nutrição para o Observatório de Ouro Fino e conto com a sua participação deixando comentários e sugestões. Hoje eu quero trazer à tona um assunto que “bombou”na semana passada.
O que você acha de fazer maionese com óleo de coco e iogurte? Você trocaria a manteiga por óleo de coco para fazer um bolo?
Questões como esta foram uma grande polêmica na semana passada quando a apresentadora Rita Lobo respondeu a uma pergunta de uma internauta no Twitter:
“- Por que você não ensina maionese com óleo de coco e iogurte ao invés de gema e óleo“, e Rita respondeu: “1) porque não é maionese; 2) trate seu distúrbio alimentar“.
A repercussão foi tão grande nas mídias que surgiram correntes favoráveis à apresentadora e correntes que criticaram sua resposta. Ela foi a público esclarecer seu ponto de vista a respeito do assunto e disse que, hoje, muitas pessoas estão “medicalizando” a comida, ou seja, muitos indivíduos estão deixando de comer pelo prazer de degustar uma boa comida e estão simplesmente comendo nutrientes porque são classificados como funcionais e fazem bem para a saúde. Surgiu daí uma grande discussão sobre os radicalismos envolvendo a alimentação atual.
Diante disto, como nutricionista e educadora, eu acho pertinente expor meu ponto de vista a respeito do assunto. Sou fã da Rita Lobo, faço muitas de suas receitas e costumo postá-las no meu blog e na minha página do facebook. São receitas muito práticas e que sempre dão certo e, o principal, são elaboradas com ingredientes acessíveis que encontramos em nossa geladeira e bastante variadas. O que eu considero o ponto mais importante, é que qualquer pessoa, independente da sua classe social, seja capaz de preparar uma refeição saudável e balanceada sem precisar comprometer grande parte do salário com ingredientes caros, tendo em vista as dificuldades que a população está passando com a crise financeira do país. Comer bem não pode e não deve ser dispendioso. Os ingredientes naturais ainda continuam sendo os mais acessíveis, saudáveis e saborosos.
Outro ponto a ser considerado é que, nem tudo que faz bem para um indivíduo, fará bem para todos, ou seja, o óleo de coco não pode ter seu uso indiscriminado partindo-se do princípio da universalidade. A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) já se posicionaram contra a utilização terapêutica do óleo de coco com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde. A SBEM e a ABESO também não recomendam o uso regular de óleo de coco como óleo de cozinha, devido ao seu alto teor de gorduras saturadas e pró-inflamatórias. O uso de óleos vegetais com maior teor de gorduras insaturadas (como soja, oliva, canola e linhaça) com moderação, é preferível para redução de risco cardiovascular.
A palavra-chave da nutrição saudável sempre será o bom senso: sem extremismos ou radicalismos. Eu sou adepta do “Guia Alimentar para a População Brasileira”, assim como a apresentadora Rita Lobo e, dentre outras coisas, oriento o consumo de alimentos preparados de forma caseira, mesmo que sejam utilizados ingredientes como o açúcar, a manteiga e o bacon, com moderação, e desaprovo o consumo de alimentos ultra processados (refrigerantes, salgadinhos de saquinho, macarrão instantâneo, etc). Se tivermos que ser radicais, que sejamos excluindo estes últimos da nossa dieta.
*As informações e opiniões expressas nessa coluna são de total responsabilidade de seu autor.