Academia Ouro-Finense de Letras possui livro assinado por D. Pedro II

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O livro do acervo da AOLA, a assinatura de D. Pedro II e o quadro de Maneco de Gusmão (Arte de Diego Andre de Brito sobre fotos de Geraldo Affonso e Luís Guilherme Burza)
Co-Working em Ouro Fino

A Biblioteca da AOLA (Academia Ouro-finense de Letras e Artes) possui em seu acervo uma raridade: um livro assinado pelo Imperador Dom Pedro II, que foi soberano do Brasil por 49 anos, de 23 de junho de 1840 até a proclamação da República em 15 de novembro de 1889.

A publicação foi localizada pelo presidente da entidade, o advogado Geraldo Affonso Pimentel Pereira de Araújo. A Academia então providenciou a restauração do livro junto ao Senai de São Paulo e o titular da Cadeira nº 29 da AOLA, Emanuel José de Gusmão, o Maneco, pintou um retrato do segundo imperador do Brasil (imagem à direita na capa desta matéria).

O livro e a obra de Maneco de Gusmão serão expostos no aniversário de Ouro Fino, próximo dia 16, juntamente com um histórico explicando como a publicação chegou até a Academia Ouro-finense de Letras e Artes.

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Abaixo um texto do presidente Geraldo Affonso sobre o livro que será exposto por ocasião do aniversário de Ouro Fino:

“APRESENTAÇÃO DO LIVRO EM EXPOSIÇÃO

      Sendo imperador de um país ainda jovem e desconhecido no concerto das grandes nações europeias, D. Pedro II tinha como uma de suas principais metas divulgar o Brasil no exterior. Assim, as exposições internacionais constituíam uma excelente oportunidade para que esse objetivo fosse atingido e, D. Pedro, estadista inteligentíssimo e provido de grande cultura, poliglota, tradutor dos melhores que o Brasil já teve, não desperdiçava essas oportunidades de mostrar ao mundo um Brasil que se modernizava, dando enfoque ao seu desenvolvimento econômico e aos seus imensos recursos naturais. Daí a edição feita em 1873 pelo governo imperial do livro “La empire du Brésil a La Exposicion Universelle de Vienne”. Sem dúvida, uma edição feita com grande capricho, pela melhor tipografia existente no Brasil na época, a “ Typographie Universelle de E. & H. Laemmert”, empresa que se estabeleceu no Rio de Janeiro e foi pioneira no mercado livreiro e tipográfico em terras brasileiras.

       O livro foi confeccionado em capa dura de couro na cor verde com douração do emblema do Império do Brasil, em baixo relevo, na capa e na lombada.  Foi redigido no idioma francês, não constando o nome dos redatores e colaboradores, porém, como a responsabilidade autoral da obra recai no Governo Imperial do Brasil, daí a nossa conclusão de que o próprio Imperador, escritor e tradutor emérito na língua francesa, deve ter colaborado, e muito, na feitura da obra. Vale salientar que o livro em questão foi feito com o objetivo de distribuição gratuita no âmbito da referida exposição realizada em Viena, capital da Áustria em 1873, evento em que o Imperador D. Pedro II compareceu pessoalmente, constando ainda no livro uma dedicatória redigida e assinada pelo imperador.  Há que se registrar ainda que na “Exposição Universal de Paris, em 1867, o Império do Brasil se fez presente e também publicou uma obra semelhante e, conforme consta no prólogo do livro em exposição, o mesmo possui idêntico teor do anterior, evidentemente, com o acréscimo de atualizações e algumas correções.

     Cumpre esclarecer que a obra ora em exposição, anteriormente pertencia ao falecido deputado Ranieri Mazzilli que, na qualidade de presidente da Câmara, por várias vezes ocupou a Presidência da República.  O livro foi doado à Academia Ouro-finense de Letras e Artes pelo seu filho Luiz Guilherme Mazzilli, graças também à atuação do acadêmico Plínio Miranda, que intermediou à referida doação. 

       Por fim, cabe consignar que devido a ação do tempo e ataque de insetos, o livro encontrava-se bastante deteriorado, tanto externamente, ou seja, com as capas soltas e danificadas, principalmente na lombada, assim como internamente, com páginas enfraquecidas e algumas rasgadas. Por essa razão, a presidência da Academia providenciou o restauro da obra junto ao Núcleo Tecnológico da Escola Theobaldo de Nigris pertencente ao SENAI de São Paulo, contando também com a eficiente colaboração da acadêmica Odila Rivelli, ficando o trabalho de restauração sob a responsabilidade da professora Christina Sanches Moraes que exerce o cargo de restauradora e instrutora de ensino de conservação e restauro na referida instituição de aprendizagem industrial. Pela excelência do resultado final do referido restauro, cumpre a essa presidência louvar a competência e proficiência demonstrada pela referida profissional em face de um trabalho tão importante e essencial para a preservação de um marco de inegável valor histórico e cultural.

Ouro Fino, março de 2023”

Geraldo Affonso Pimentel Pereira de Araujo

Presidente da Academia Ouro-finense de Letras e Artes

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